
A felicidade não está no que falta, mas no que já está presente, esperando para ser notado.
Outro dia, enquanto rolava a timeline, me deparei com uma palavra que soava como poesia: opacarofilia. O amor pelos entardeceres, especialmente pelo pôr do sol. Algo tão simples e, ao mesmo tempo, tão profundo. A postagem descrevia como o entardecer é um momento de contemplação, um convite para desacelerar e, talvez, para se lembrar de como é bonito apenas estar presente.
Aquilo me fez parar. Quando foi a última vez que me deixei encantar por algo tão cotidiano? O pôr do sol acontece todos os dias, mas estamos tão ocupados, no ritmo frenético que criamos, que deixamos algo precioso: o olhar encantado. Aquele olhar que as crianças possuem, tão puro e aberto, capaz de transformar um entardecer em espetáculo ou um rastro de formigas em aventura. Pensei em como as crianças enxergam o mundo: tudo é novo, surpreendente e mágico para elas. Uma simples poça d’água vira um lago, um punhado de folhas, um tesouro. Como seria se nós, adultos, aprendêssemos a olhar novamente dessa forma?
Foi aí que percebi: talvez a chave para viver com mais leveza esteja em reaprender a olhar. A resgatar esse olhar encantado que as crianças têm — e que nós, adultos, parecemos ter perdido pelo caminho.
E é exatamente sobre isso que quero falar hoje: como treinar o nosso olhar para redescobrir a beleza da simplicidade.
O Olhar da Criança: A Arte de Se Encantar com o Mundo
Imagine o seguinte: você está andando com uma criança, e ela para de repente. Para quê? Para admirar uma pedra que, aos olhos dela, brilha como um diamante. Você sorri, meio sem paciência, e pensa: “É só uma pedra.” Mas será mesmo? Talvez o problema não seja a pedra, e sim o fato de que perdemos a capacidade de enxergar o que há de mágico nela.
Crianças têm um superpoder que esquecemos quando crescemos: a habilidade de estar presentes. Elas não estão preocupadas com o que aconteceu ontem ou o que falta resolver amanhã. Para elas, tudo é o agora.
Observe uma criança brincando no quintal. Uma folha caída pode ser um barco; um punhado de terra, um tesouro. E o mais interessante? Elas não precisam que alguém diga o que admirar. Elas simplesmente veem.
Por que perdemos isso? Porque nossa mente se ocupa demais. Contas, compromissos, o tempo que parece sempre escapar. Mas a boa notícia é que esse olhar pode ser resgatado. Não é um talento perdido para sempre — é uma habilidade que precisa ser reaprendida e cultivada.
A simplicidade revela a grandiosidade da vida — só precisamos reaprender a vê-la.
O Pôr do Sol e Outros Milagres Invisíveis
A opacarofilia, assim como um tanto de outras “mágicas da vida “ é um convite a redescobrir os espetáculos mais simples e acessíveis: como o pôr do sol. Quantas vezes ele acontece diante de nós, mas estamos ocupados demais para notar?
Pense no que ele representa. O fim de um ciclo, o descanso do dia, uma explosão de cores que nenhum artista poderia recriar. É a beleza na transitoriedade. E talvez seja isso que tanto fascina: o fato de que ele acontece sem pressa, sem esforço, sem expectativa de aplausos.
Treinar nosso olhar para enxergar essa beleza não exige viagens exóticas ou grandes mudanças na rotina. Começa com pequenos passos:
• Pausar: Reserve cinco minutos no final do dia para simplesmente observar o céu.
• Sentir: Note como o vento muda, como a luz amarela vai se transformando em laranja, depois em rosa.
• Apreciar: Deixe-se maravilhar pelo simples fato de estar ali, presenciando algo único.
O pôr do sol é apenas o começo. Essa prática de contemplação pode se expandir para os detalhes do cotidiano: o aroma do café de manhã, o som da chuva batendo na janela, o sorriso espontâneo de alguém. Pequenos milagres que estão sempre lá, esperando para serem notados.
A Simplicidade como Fonte de Felicidade
A neurociência nos dá um bom motivo para treinar o olhar: quando focamos no presente e praticamos a gratidão, nosso cérebro responde com uma descarga de dopamina, o hormônio da felicidade. Em outras palavras, contemplar o que é simples nos faz bem.
Não é à toa que tantas práticas de bem-estar, como a meditação, se baseiam na ideia de estar presente. Quando aprendemos a desacelerar e prestar atenção no agora, reduzimos o estresse, aumentamos nossa sensação de conexão com o mundo e, claro, nos tornamos mais felizes.
E quem pode nos ensinar isso melhor do que as crianças? Para elas, cada pôr do sol é o primeiro, cada flor é uma descoberta, cada momento é único. Ao olharmos pelos olhos delas, percebemos que a felicidade não está em grandes conquistas, mas nas pequenas coisas que acontecem todos os dias.
A Vida Como um Pôr do Sol
Treinar o olhar para a simplicidade é, no fundo, um exercício de amor. Amor pela vida, pelos momentos que passam rápido demais, pelas belezas que insistem em ser ignoradas. É um lembrete de que não precisamos de muito para nos sentirmos completos — basta estarmos presentes.
Da próxima vez que o sol começar a se pôr, pare. Observe. Deixe-se levar pela dança de cores e luzes. E lembre-se: a simplicidade não é banal, é grandiosa. Afinal, como as crianças nos mostram todos os dias, é no comum que encontramos o extraordinário.
Porque, no fundo, a vida não é sobre o que temos ou conquistamos. É sobre como escolhemos enxergar a simplicidade e grandiosidade de vivê-la.
O presente é um milagre que acontece enquanto aprendemos a olhar com mais atenção.
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